Caco dos deuses

Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!

sábado, 5 de novembro de 2011

Sobre ser mulher

Ando cansada de ouvir, de todos os homens que conheço, que mulher não presta, que mulher é doida, que mulher é histérica e não sabe o que quer. Fato, somos um pouco de tudo isso aí, mas o que incomoda é nunca ouvir o outro lado, a parte boa.
Sei que às vezes - muitas vezes - parecemos perdidas e exageradas, mas talvez não sejamos assim tão diferentes dos meninos, só nos expressamos mais. Ao contrário de vocês, passamos por nossas batalhas e contradições em voz alta, não temos essa habilidade tããão perfeita de guardar pra nós o que doi, o que confunde e o que nos faz "fracas". Nós, mulheres, gostamos de dizer o que pensamos e sentimos, gostamos porque apreciamos o cuidado e a atenção. Não acredito que vocês sejam menos "crisentos" só porque, por fora, gostam de parecer equilibrados.
Além disso, não somos megeras calculistas que passam o dia tramando contra tudo e todos. Somos, na grande maioria das vezes, mulheres que buscam defender os seus. Não ficaremos caladas diante do que achamos injusto, não fecharemos os olhos ao que magoa quem gostamos. Somos protetoras e isso é parte de ser do sexo feminino, faremos, sim, o que for preciso para que ninguém invada nosso "território" e machuque nossos filhotes, amigos, namorados e familiares.
Outra coisa irritante: " mulher tem que ser bicho ruim, sangra uma vez por mês e não morre!" Bom, essa coisa toda de perder um monte de sangue todo mês não nos torna bruxas, crias do demônio e nem seres sobrenaturais que vieram à Terra para aterrorizar os pobres homens, isso nos torna MÃES. As suas e as de seus filhos.
Não somos perfeitas e entendo que são brincadeiras, mas o que homem não sabe é que mulher, apesar de ser forte, guerreira, mãe e todas essas coisas, também chora. E não é choro de histeria, é choro de sofrimento, por não ser reconhecida, por não ser entendida, por não ser respeitada dentro de suas limitações de ser humano. Não somos, de maneira alguma, apenas boas parceiras sexuais. Não somos apenas uma criação divina que veio sem pênis nem barba. Não queremos ser reconhecidas só por isso.
Portanto, garotinhos do meu país, podem continuar as brincadeiras - nós temos senso de humor -, mas não se esqueçam, também, de elogiar. Não custa dizer que aprecia, não é tão difícil assumir que somos legais. Deixem suas namoradas, mães e amigas saberem que vocês acham que elas são o máximo! Deixem que elas saibam - e não por adivinhação - que vocês são capazes de admirar a doçura, o cuidado, a atenção e o preço que essas mulheres têm por vocês. Não se esqueçam nunca que nós, diferente de vocês, não ligamos pros quilinhos a mais ou a menos. Nós estaremos ao lado de vocês quando estiver difícil arrumar emprego ou quando a faculdade se mostrar uma coisa muito diferente do que vocês esperavam. Lembrem-se que somos nós, mulheres, que entendemos que vocês não têm que ser perfeitos o tempo todo e, por favor, sejam sensíveis para fazer o mesmo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desabafo mudo

Acho que sou triste demais, às vezes. E também que sou alegre demais, às vezes. Sou sempre demais e o que mais sou é confusa. Sou demais até pro meu cérebro – coitado – que vive na tentativa de desvendar-me. Tenho andado frustrada e não sei bem o porquê. Eu nunca sei. Talvez seja esse o meu problema com as exatas: eu sinto, não sei. E o que sinto agora é confusão e também um pouco de solidão. Talvez inveja e, finalmente, frustração.
Não sei bem o que esperava e não sei o que aconteceu no tempo de espera. Mudei. Não sei pra onde. Mudei e não sei o que. Mudei e sinto que a vida não mudou comigo. Estou presa a mim sem saber quem sou agora –na verdade, acho que nunca soube muito bem. Estou prendendo alguém sem saber quem sou e isso não pode estar certo. Estou me perdendo e perdendo alguém dentro de mim que não sou eu.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Saudade

Eu não tenho muita certeza de como se deve encarar a ausência. Parece-me que o não-ter devia vir acompanhado de um não-sentir justo. Sim, porque se há falta de um, como pode continuar existindo o outro? Como é possível que a inexistência nos cause tanto sentir – se não mais – que a materialidade? Tão injusto que tenhamos que sentir tanta falta, que tenhamos que sentir tanto a falta.
Também me parece injusto que justo as noites e dias de proximidade, alegria, entrega e amor sejam tão breves – ainda que durem muito – e os momentos de não-ter, de sentir-se só e desamparado, esses momentos de não-ter-nada-a-ser-feito... esses minutos são horas que viram dias e rapidamente, além do sofrimento intenso a que já somos submetidos por seja-lá-o-que-for, ainda nos vemos forçados a encarar um dilatação inegável do tempo. Em outras e mais simples palavras: porque os momentos de merda duram pra sempre quando os que deveriam ser eternos duram 2 segundos? De qualquer jeito, os questionamentos em nada me ajudam e estou cansada deles.
Meu amor, meu lindo, minha vida, na impossibilidade de entender as contradições do tempo e tendo que encarar suas malditas variações, te digo que fique, divirta-se, seja feliz e não queira estar onde eu estou. Não perca os segundos que deveriam ser eternos por não estar comigo. Eu tentarei fazer o mesmo, tentarei ficar, agüentar e aproveitar o pouco de vantagem que sua ausência me traz. Sejamos alegres enquanto não vemos pra que possamos ser perfeitos no momento do nosso reencontro... serão os segundos mais felizes da minha vida, mas até lá, paciência, coração.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Parágrafo mudo

Sem ter que ter razão pra ter isso tudo que tenho por você foi que encontrei alguma coisa de ser. Sem ter que te querer foi que quis mais verdadeiramente. Sem ter justificativa nenhuma, tenho justificado o que somos com um silêncio maior que essa coisa qualquer que andei dizendo antes. Sem ter que ter nada, eu tive o que foi melhor pra mim... Até agora.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Isso


Preocupa-me o silêncio. Agrada-me mais. Não fosse eu ser-sentinte, estaria feliz de uma liberdade indiferente. Preocupa-me essa algazarra silenciosa que me impede a tristeza. Desculpe-me a franqueza, não sei querer-te mais que a mim, não consigo manter a indiferença fora: olho-te sem ver, com olhos-vidros que refletem dentro de mim aquilo de ti que é tão pouco... Preocupa-me o nada que agora ocupa o seu lugar. O que eu sabia antes que preenchia esse vazio de agora?
Não sei. Nem a mim nem a ti quero saber. Vivo o nada e ele me desfruta. Não há espaço pra mais: o ar ocupa tudo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

16 de novembro de 2009

E tudo aquilo passou como um furacão. Não é que ela não entendesse, escutava-o com atenção e o sabia certo. É que vindo dele seus erros ficaram tão expostos e as conseqüências foram tão piores que o momento passou como uma viagem de pó: acordou no dia seguinte e se deu conta que era verdade.
Ela queria que tudo tivesse sido mentira. Ela queria ter errado por não querê-lo. Ela queria justificar o que fizera. Na impossibilidade disso, chorou. Chorou mais que eu e você e todo o resto. Ela não queria aquele momento magoado, não queria as palavras duras que ouvira e, principalmente, não queria sabê-las verdades incontestáveis. Que fizera? Que fizera dos dois?
As músicas chegaram para libertá-la, as letras para sangrá-la e as lágrimas, as lágrimas secaram para deixá-la acertar, ao menos dessa vez. Cansada de se lamentar de erros que eram só seus, ela se propôs a crescer. Não porque queria, não porque precisava – não pra si -, mas porque o queria como há muito não queria. Ela resolveu melhorar, ela precisava melhorar para ele, para ela e para o que eles poderiam ter sido e não foram.
Começou revendo o que fizera de errado e achou que nada fora certo além do término. Sentiu o coração pulsar dolorosamente. Era demais, era ter que lidar com seus próprios erros e com o fato de que ele, muito provavelmente, não voltaria. Era demais pra ela e ela quis desistir. Não deixaram. Graças a Deus não deixaram.
Pensou em Deus, após tempos de brigas e negação, ela pensou em Deus. Não, eu não sei dizer o Deus da garota. Era dela e pra ela era conforto, era aquela força maior em que acreditamos quando nos damos conta de que precisamos seguir sozinhos. Ela quis e acreditou em Deus aquele dia. De alguma forma, funcionou e não há o que questionar a esse respeito.
Ela procurou ajuda, dessa vez, de peito aberto. Ela precisava de ajuda e a queria como nunca. Ela não estava triste, incrivelmente, ela não estava triste. Apesar da dor, apesar do tamanho da tristeza, ela não se entregou, resistiu à tristeza. Estava cansada da pena que sentia de si. Também não estava feliz. Aquele dia e os seguintes não foram negros nem brancos, foram cinza ou bege ou qualquer outra cor que não signifique. Ela estava lutando contra si e para si. Ela estava se desfolhando, se revelando e descobrindo que não podia ser o que queriam. Nem o que queria. Apenas o que era.
Tenho a impressão de que escrevo demais sobre ser sem nunca ser ninguém, mas não havia outra história. A menina forte de olhos fugitivos e mãos tremulas tomou minha mente e meu coração. Devo dedicar-me a ela e à sua busca pelo ser. Devo repetir-me nesse tema tão piegas de amar e perder e querer ser. Devo tentar, mais uma vez, ser fiel ao que vi e ao que senti quando vi a fortaleza que era a menina – ou que deveria ser – ruir. Devo ser sincera a ponto de dizer que o arrependimento nos olhos dela surgiu ali tão rapidamente que ela não conseguiu reagir. Devo dizer que quis não sê-la para poder apará-la. Eu devo ser honesta aqui e dizer que foi tudo tão rápido, tão verdadeiro e tão repentino que ela não teve tempo de vestir a máscara, não teve tempo de se fazer forte, ela não teve tempo, entendeu?
Sofri, com ela, cada minuto angustiante do dia 16. Não havia ninguém lá. Estava cheio, sempre há os amigos, mas ela não tem ninguém. Não... Ela está sozinha e esse é o certo. Ele foi frio. Ele segurou firme. Não sei se sofreu tanto quanto ela, gosto de acreditar que não foi fácil pra ninguém, mas não sei ao certo... Nunca saberei. O que sei é que ela se virou e chorou e sofreu e sentiu, mais uma vez, o mundo se abrir pra ela cair lá dentro. Ela não foi embora, acho que, se olharmos bem, ainda conseguiremos ver o espectro de dor que ficou naquele lugar. EU ainda posso ver e sentir e esperar que um dia, quando melhor, ela volte lá pra buscar essa última parte do que ela descobrirá ser.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eis aqui...

E eis que tudo mudou e mudou assim, tão absolutamente, tão de repente, tão profunda e radicalmente dentro de mim e no meu exterior. E eis que me olhei no espelho e não encontrei o que eu achei que devia estar lá. E eis que me envolvi, te quis, me esqueci, me perdi e me achei que achava quem era. E eis que nada mais fez sentido porque vocês se foram e eu me fui com vocês. E eis que já não sou nem quero ser nem quero saber de mais nada. E eis que me esqueci de tudo e quis apenas o branco sujo de paredes de outros lugares. E eis que, querendo, nada tive além de vontades e frustrações. E eis que chorei inúmeras vezes com ou sem motivos bons e ruins. E eis que perdi o jeito pra lírica e pra escrita e pra qualquer outra coisa que me propus a fazer. E eis que acabei na mesma posição frustrada na frente de uma tela. E eis que as telas me leram e eu as li como nunca antes. E eis que me entreguei ao nada sinceramente, sem medo de me machucar. E eis que me tornei. E eis que me perdi. E eis que não me sou. E eis que me repito. E eis aqui o resultado do nada que me desfruta como se ele me amasse como nenhum de vocês será capaz de amar. E eis que me termino com medo de me sufocar.