E tudo aquilo passou como um furacão. Não é que ela não entendesse, escutava-o com atenção e o sabia certo. É que vindo dele seus erros ficaram tão expostos e as conseqüências foram tão piores que o momento passou como uma viagem de pó: acordou no dia seguinte e se deu conta que era verdade.
Ela queria que tudo tivesse sido mentira. Ela queria ter errado por não querê-lo. Ela queria justificar o que fizera. Na impossibilidade disso, chorou. Chorou mais que eu e você e todo o resto. Ela não queria aquele momento magoado, não queria as palavras duras que ouvira e, principalmente, não queria sabê-las verdades incontestáveis. Que fizera? Que fizera dos dois?
As músicas chegaram para libertá-la, as letras para sangrá-la e as lágrimas, as lágrimas secaram para deixá-la acertar, ao menos dessa vez. Cansada de se lamentar de erros que eram só seus, ela se propôs a crescer. Não porque queria, não porque precisava – não pra si -, mas porque o queria como há muito não queria. Ela resolveu melhorar, ela precisava melhorar para ele, para ela e para o que eles poderiam ter sido e não foram.
Começou revendo o que fizera de errado e achou que nada fora certo além do término. Sentiu o coração pulsar dolorosamente. Era demais, era ter que lidar com seus próprios erros e com o fato de que ele, muito provavelmente, não voltaria. Era demais pra ela e ela quis desistir. Não deixaram. Graças a Deus não deixaram.
Pensou em Deus, após tempos de brigas e negação, ela pensou em Deus. Não, eu não sei dizer o Deus da garota. Era dela e pra ela era conforto, era aquela força maior em que acreditamos quando nos damos conta de que precisamos seguir sozinhos. Ela quis e acreditou em Deus aquele dia. De alguma forma, funcionou e não há o que questionar a esse respeito.
Ela procurou ajuda, dessa vez, de peito aberto. Ela precisava de ajuda e a queria como nunca. Ela não estava triste, incrivelmente, ela não estava triste. Apesar da dor, apesar do tamanho da tristeza, ela não se entregou, resistiu à tristeza. Estava cansada da pena que sentia de si. Também não estava feliz. Aquele dia e os seguintes não foram negros nem brancos, foram cinza ou bege ou qualquer outra cor que não signifique. Ela estava lutando contra si e para si. Ela estava se desfolhando, se revelando e descobrindo que não podia ser o que queriam. Nem o que queria. Apenas o que era.
Tenho a impressão de que escrevo demais sobre ser sem nunca ser ninguém, mas não havia outra história. A menina forte de olhos fugitivos e mãos tremulas tomou minha mente e meu coração. Devo dedicar-me a ela e à sua busca pelo ser. Devo repetir-me nesse tema tão piegas de amar e perder e querer ser. Devo tentar, mais uma vez, ser fiel ao que vi e ao que senti quando vi a fortaleza que era a menina – ou que deveria ser – ruir. Devo ser sincera a ponto de dizer que o arrependimento nos olhos dela surgiu ali tão rapidamente que ela não conseguiu reagir. Devo dizer que quis não sê-la para poder apará-la. Eu devo ser honesta aqui e dizer que foi tudo tão rápido, tão verdadeiro e tão repentino que ela não teve tempo de vestir a máscara, não teve tempo de se fazer forte, ela não teve tempo, entendeu?
Sofri, com ela, cada minuto angustiante do dia 16. Não havia ninguém lá. Estava cheio, sempre há os amigos, mas ela não tem ninguém. Não... Ela está sozinha e esse é o certo. Ele foi frio. Ele segurou firme. Não sei se sofreu tanto quanto ela, gosto de acreditar que não foi fácil pra ninguém, mas não sei ao certo... Nunca saberei. O que sei é que ela se virou e chorou e sofreu e sentiu, mais uma vez, o mundo se abrir pra ela cair lá dentro. Ela não foi embora, acho que, se olharmos bem, ainda conseguiremos ver o espectro de dor que ficou naquele lugar. EU ainda posso ver e sentir e esperar que um dia, quando melhor, ela volte lá pra buscar essa última parte do que ela descobrirá ser.
Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!
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Um comentário:
sensaçao: ARREPIADA
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