Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008




Vem, me mostra o que é bom,
Me leva além,
Me deixa leve,
Me queira bem!
Olha pra mim e só pra mim
Mas faz que não vê
Os meus erros recorrentes,
A paixão sem precedentes,
Nosso amor de delinquentes...

Me queira bem e só!
Não me cobre,
Me sufoque... Só de rir!
Me faz feliz... Me faz feliz?
Deixa eu falar e não falar
Poder calar sem repressão.
Me deixa assim...
Entra em mim como ninguém...
OU JÁ ENTROU??
Eu esqueci...

Acabo aqui essa bobagem
Que poesia é uma loucura.
É coisa de apaixonado,
Ou de gente muito atoa!

Por Isadora Perdigão

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Apontamento

A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.


Álvaro de Campos