Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!

sábado, 18 de julho de 2009

Inconclusivas linhas crescidas de mim


Ainda que o busque a cada dia com um empenho único, começo a ver que saber-me- ou reconhecer tal sabedoria- é muito mais assustador do que admito. Certamente preciso ter em mim aquilo que me faz ser o que sou, mas entender o significado disso pegou-me desprevenida e, sem mais delongas, assombrou e tomou minha alma nessa tarde calma e morna de julho.

Ser-me dói um pouco todos os dias, mas entrar nisso foi quase insuportável. Não digo que descobri tudo, não o poderia, mas percebi em mim uma vontade genuína de ser e não estar. Saber, deixar as adivinhações pra quem se dedica a faze-las. Hoje sou a mesma de sempre, ou talvez seja outra completamente diferente, a verdade é que sinto-me como ao sussurro suave da brisa que embalou meu dia no balanço infantil de um brinquedo simples de ir e vir e querer voar.

Não dedicarei tempo, imaginação e folhas pra dizer quem habita essa massa identitária que leva meu nome. Não perderei nem mais um instante nesse vago trabalho de me justificar a mim. Escrevo apenas por ser esse meu prazer e hobbie mais sincero. Finalmente escrevo de mim pra mim, sem pretender alcançar ninguém, sem pedir que entendam, sem cobrar algo a quem tem nada.

Também não me peço a arte sublime de escrever como os autores que me inspiram. Dedico-me à simplicidade ingênua de defender uma teoria própria que talvez só se aplique a mim. Auto-conhecimento, conceito tão cobrado, difundido, enaltecido e creditado a mentes que, certamente, não posso competir. Auto-conhecimento, tudo aquilo que me foge e me atormenta por estar aqui e não estar, por ser tão visível a olhos que não são os meus. Auto-conhecimento, exatamente o que não preciso mais, não explicitamente, não declaradamente; quero tê-lo sem saber que tenho e mostrá-lo sem que o percebam. Teria alguém sugestão ou regra que me ajude a alcançar o que almejo? Acho que não...

Sempre fui inconclusiva e isso marca, ao meu ver, boa parte de minha “obra” (coloco entre aspas por não achar competência suficiente para me dizer escritora). Deve ser porque trago o que escrevo pra muito perto de mim, do que penso ou sinto ou vivo ou acredito viver. Fato é que, nesse exato momento, não acho palavras ou dogmas que preencham mais linhas desse texto. A falta de objetivo devorou possíveis idéias que pudessem me socorrer nessa falta de léxico e semântica absurda. Termino, pois, minha matéria discursiva, sem moral e, muito provavelmente, sem sentido. Não espero nada e me sinto feliz por apenas ter podido ter essas linhas tão mais crescidas que eu.


Isadora Perdigão

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