Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Deserto

Necessidade burra de se envolver no que não devia. Como ser tão baixo a ponto de não saber ficar sozinho? Não saber ser sem um outro em quem se apoiar. Ninguém por perto, coração a mil, deserto ao redor. Não, ele não sabia agir assim. Chorou.

Ela era azul? Não. Ela estava de azul e era linda. Não podia ver seus olhos, mas adivinhava-os negros como os cabelos agitados ao vento. Sua boca inacessível abriu-se em um sorriso que o cegou, tamanha beleza e brancura havia naqueles dentes perfeitos. Ela era toda perfeita.

Ele a conhecia. Deus, ele a conhecia! Mas será mesmo que aquela visão era real? Parecia miragem de um desesperado por, por qualquer coisa que lhe desse um pouco de calor- diria colo, mas daí ele seria triste, carente demais e sou contra exageros. Decidiu-se pela miragem. Seguiu em frente.

Tropeçou, adiante, com os olhos, novos conhecidos, e teve que parar. Parou e achou que a queria. Era loucura, mas ela sorriu. Por que sorrira? Ela não sabia que acabara de prende-lo e perde-lo. Ele não ficaria, não suportava, não podia com esse não. Chorou.

O sorriso sumiu, as mãos macias tocaram seu sofrer e o aqueceram. Uma pergunta inocente perdeu-se no espaço e ele a abraçou. Não um abraço de amigo, não um abraço de amante, um abraço de amor que ficou.

Ela não entendeu e deixou. Não se envolveu com ele nem o quis, mas deixou-se estar e isso valeu. Valeu pra ele como o beijo que não pôde dar, como o encontrar-se que não chegou. Ela valeu, naquele momento, o resto da vida dele.

Isadora Perdigão

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