Criado como forma de catarse, sem o objetivo de agradar nem ofender, apenas colocar pensamentos de uma mente "em cacos" para, com isso, encontrar aquele caco mais brilhante, digno do olhar dos deuses!

sábado, 13 de junho de 2009

Lembro

Lembro-me de um tempo em que o tempo não existia, era algo cujo sentido de perdia em meio às conversas de minha mãe. Sem o tempo as lembranças se formavam sem saber e por isso, hoje, são sinceras e completas em um presente confuso, cheio e vazio demais de tempo.

Lembro-me também de um tempo, não tão distante, em que quis acreditar na benevolência deste que se torna quase um inimigo: escrevi sobre o tempo. Naquele dia as palavras eram doces, cheias de certeza e sonhos e esperança nesse médico invisível apregoado por vovó. Ah, o tempo!

Lembro-me de mim tão inocente, tão sabida dessa vida que nem sei. Como pude me iludir e como deixei passar? Era bom me sentir segura dentro de uma mentira não declarada de quem sou. Na verdade, ainda quando achava que encontraria respostas, era melhor, era um tempo bom.

Lembro-me, agora, que o tempo importa e ele existe, tão pesado existe que cresci- talvez rápido demais- e já não posso ser minha lembrança. O que perdi pro tempo só ele vai me contar- se contar- quando eu puder e souber lidar com a verdade que isso traz. O que ganhei do tempo está intrínseco em cada minuto, está em cada palavra em todas as outras e em cada piscar de olhos, luzes e tempo. Quando finalmente me esquecer do tempo talvez perceba a irrelevância das minhas rugas e encontre, nos fios brancos dos meus cabelos, o que busco hoje: EU.

Isadora Pedigão

2 comentários:

João Lúcio Xavier disse...

Morram de inveja pobres mortais!
Eu vi os originais desse texto!
HÁ!

Dóris disse...

Amo-te com um amor único, querido! Nossa adimiração tão recíproca me faz mais feliz a cada dia!